O que é o cimento?
O cimento é um dos materiais mais utilizadas na construção civil. Ele é um aglomerante obtido a partir do cozimento de calcários naturais ou artificiais e foi descoberto em 1824 por Joseph Aspdin em Portland.
Ele também pode ser definido como um aglomerante ativo e hidráulico, pois com adição de água inicia-se uma reação química transformando o cimento numa massa que cristaliza, endurece e fornece alta resistência mecânica à compressão com o tempo.
O principalmente componente do cimento é o clínquer, uma mistura de calcário, argila e minério de ferro. Esta mistura, passa primeiro por um forno rotativo com temperaturas em torno de 1.450°C. Em seguida, a mistura é resfriada de forma abrupta e moída para formar o clínquer.
Os outros compostos que fazem parte do cimento são o gesso, escória de alto forno, pozalana, fíler, entre outros. Cada composto adiciona uma característica ao cimento, como: retardo da pega, resistência a sulfatos, impermeabilidade, maior resistência, e assim vai.
Gesso
O gesso é adicionado a todos os tipos de cimento porque age como um retardador de pega, ou seja, retarda o início do endurecimento do cimento.
Sem o gesso, ao adicionar água, o cimento endureceria instantaneamente. Não precisamos explicar o quanto isso dificultaria a utilização do cimento nas obras não é mesmo.
Escória de alto forno
Escória de alto forno é um produto obtido como resíduo dos fornos reatores da produção de ferro gusa. A escória é composta basicamente por minério de ferro e carvão vegetal.
A escória dá ao cimento maior durabilidade e resistência quanto a compostos agressivos, como sais minerais compostos de enxofre (sulfatos), águas salinas, resíduos industriais, entre outros.
Pozalanas
As pozalanas são substâncias naturais ou artificiais, de composição silicosa ou sílico-aluminosa.
Elas incorporam ao cimento características de maior impermeabilidade, permitindo a utilização do cimento em ambientes úmidos, molhados e até submersos.
Fíler
O fíler, ou compostos carbonáticos, são rochas trituradas que possuem carbonato de cálcio em sua composição.
Com uma granulometria muito fina, quando adicionado ao cimento o fíler confere uma melhor trabalhabilidade e diminui a permeabilidade das argamassas e concretos.
Para saber mais sobre como é fabricado o cimento nós recomendamos o vídeo abaixo: Como é feito o cimento do canal Manual do Mundo do YouTube:
Quais os tipos de cimento?
Existem diversos tipos de cimentos com resistência, composições e características diferentes.
Para facilitar a identificação dos tipos de cimento, foi criada uma nomenclatura própria com a especificação do tipo, resistência e composição. Na figura abaixo você pode ver um exemplo desta nomenclatura:
No mercado brasileiro, os tipos de cimento mais comuns são:
Cimento CP I
O Cimento CP I, ou Cimento Portland comum, tem somente a adição do gesso para retardar a pega e é produzido conforme a NBR 5732 – Cimento Portland comum.
Ele é considerado o cimento mais puro e é utilizado em locais onde não há agressividade do ambiente, como sulfatos, águas subterrâneas, salinidades, entre outros.
Cimento CP II
O Cimento CP II, ou Cimento Portland composto é o cimento mais usado nas obras. A fabricação de todos os tipos de cimentos CP II deve seguir a NBR 11578 – Cimento Portland composto.
Cimento CP II-E
O cimento CP II-E especificamente possui adição de escória granulada de alto-forno. A escória confere ao cimento a propriedade de baixo calor de hidratação e maior resistência a compostos agressivos.
Ele pode ser utilizado em todas as etapas da obra, da fabricação de concreto e argamassas, até peças pré-moldadas em locais de agressividade por presença de sulfatos (sais minerais com enxofre) na composição do solo.
Cimento CP II-F
Já o cimento CP II-F, ou Cimento Portland composto com fíler, não é indicado para meios agressivos assim como o Cimento CP I.
A adição de materiais carbonáticos, como é o caso do fíler, confere ao cimento maior usabilidade na aplicação em geral. Isso torna ele ideal para pavimentos de concreto, argamassa de chapisco, assentamento de blocos, revestimentos, pisos e contrapisos.
Cimento CP II-Z
Agora o cimento CP II-Z, ou Cimento Portland composto com pozolana é indicado para obras subterrâneas, principalmente marítimas ou águas salinas. A adição da pozolana confere ao cimento uma menor permeabilidade.
Cimento CP III
O cimento CP III, ou Cimento Portland de alto forno é considerado sustentável e mais ecologicamente correto quando comparado aos cimentos CP I e CP II. A norma que especifica este produto é a NBR 5735 – Cimento Portland de alto forno.
Ele considerado sustentável por que a sua composição tem quantidades maiores de escória, o que reduz a utilização do clínquer, e consequentemente diminui a quantidade do combustível utilizado na sua fabricação.
Ele é indicado para a fabricação de concreto e argamassas de obras comuns até obras de grande porte com alta agressividade como: barragens, obras submersas, tubos e canaletas para condução de líquidos agressivos, esgotos e efluentes industriais, pavimentação de estradas, pistas de aeroportos, entre outros.
Cimento CP IV
O cimento CP IV, ou Cimento Portland pozolânico, também pode ser utilizado na confecção de argamassas de assentamento e revestimento, e de concretos para obras comuns. Ele segue a NBR 5736 – Cimento Portland pozolânico.
A adição de grandes quantidades de pozolana garante alta impermeabilidade e durabilidade, e baixo calor de hidratação ao cimento do tipo IV.
Ele é muito recomendado para concretagem em grandes volumes e em ambientes agressivos com presença de ácidos, sulfatos ou locais de água corrente.
Cimento CP V-ARI
Já o cimento CP V-ARI, ou Cimento Portland de alta resistência inicial, assim como o Cimento CP I, não possui adições de escória, fíler ou pozolana.
A diferença em relação ao CP I está na dosagem e no processo de fabricação do clínquer.
O clínquer utilizado na fabricação do Cimento CP V-ARI possui quantidades diferenciadas de calcário e argila, além de uma moagem mais fina. A norma que especifica este tipo de cimento é a NBR 5733 – Cimento Portland com alta resistência inicial.
Isso garante resistências maiores nos primeiros dias após a concretagem, tornando este tipo de cimento muito indicado para fabricação de estruturas de concreto protendido.
Cimento CP RS
O cimento CP RS, ou Cimento Portland resistente a sulfatos, possui alta resistência a meios agressivos, ou sulfatados, conforme especificado na NBR 5737 – Cimentos Portland resistentes a sulfatos.
Ele é indicado para obras de grande porte, de recuperação estrutural, pisos industriais, marítimas e estação de tratamento de água e esgoto.
Cimento CPB
O cimento CPB, ou Cimento Portland Branco, tem a coloração branca devido a utilização de matérias-primas com baixos teores de óxido de ferro e manganês e pela substituição da argila pelo caulim. A norma deste tipo de cimento é a NBR 12989 – Cimento Portland Branco.
Ele é muito utilizado em obras arquitetônicas devido ao fato que as estruturas depois de prontas ficam com coloração branca, destoando do tradicional concreto cinza.
O cimento branco possui classes de resistência de 25, 32 e 40 Mpa. Por isso, ele pode ser utilizado na fabricação de peças estruturais e não estruturais, desde que se tome cuidado para escolher o tipo certo.
Como usa o cimento na obra?
Conforme destacamos no começo desta página, o cimento é um dos materiais mais utilizados na construção civil.
Através da mistura de cimento areia, pedra brita e água obtém-se o concreto utilizado nas fundações, estruturas de concreto armado (pilares, vigas e lajes), calçadas, pavimentos e contrapisos.
O cimento também está presente na fabricação das argamassas utilizadas para assentar blocos, tijolos, pisos, revestimentos, chapisco, reboco, emboço e contrapiso. Neste caso, para fazer a argamassa mistura-se cimento, água, areia, cal e aditivos.
Como comprar cimento?
Na hora de comprar cimento é muito importante se atentar as informações da embalagem.
O cimento mais vendido é em sacos de papel de 50kg e você encontra diversas marcas no mercado. Verifique na embalagem se há o nome do fabricante, a marca, e a nomenclatura que falamos anteriormente com o tipo, adição e resistência.
Confira também se na embalagem há selos de qualidade, como o Selo de Qualidade da ABCP ou outro órgão que possa atestar a qualidade do cimento.
Se a embalagem não possuir nenhum selo, peça o laudo técnico com os ensaios do cimento. Se não tiver nenhum dos dois, desconfie!
O cimento tem prazo de validade de somente 3 meses. Por isso, é importante também verificar a data de validade na embalagem e não aceitar produtos com data de validade próxima ou vencida.
Como armazenar cimento?
O cimento é um produto que absorve e endurece facilmente com a água. Por isso, o cimento não pode ficar armazenado em contato direto com o solo e paredes.
Os sacos de cimento devem ser dispostos sobre tablados ou plataformas e afastados pelo menos 30cm das paredes e 15cm do chão.
A pilha de sacos de cimento não deve ultrapassar a altura de 10 sacos. Acima disso pode ocorrer o adensamento do cimento e o rompimento das embalagens, permitindo a entrada de umidade.
O cimento exposto a umidade empedra e se torna inutilizável. Mesmo que o seu pedreiro quebre as pedras e peneire, o cimento não volta ao seu estado original e a resistência do concreto e argamassa ficará abaixo do esperado.
Quais as marcas e fabricantes de cimento?
Existem fábricas de cimento em todas as regiões do Brasil. Algumas marcas atuam em grande escala com presença nacional. E outras atuam somente no entorno da região produtora.
Atualmente, os maiores fabricantes de cimento são:
Votorantim Cimentos
A Votorantim Cimentos é a maior produtora de cimento do país. Ela possui quatro marcas e atua em território nacional.
A marca Poty é direcionada a região Nordeste e parte da região Norte. Já as marcas Itaú e Tocantins são direcionadas para o Norte e Centro-Oeste. E a marca Votoran é comercializada na região Sul e Sudeste.
Para cada uma das marcas, a Votorantim Cimentos disponibiliza 5 tipos de cimento, sendo: Cimento para Todas as Obras, Cimento Obras Estruturais, Cimento Obras Básicas, Cimento Obras Especiais e Cimento Obras Especiais Industrial-Meios Agressivos.
InterCement
A InterCement é uma empresa brasileira do Grupo Camargo Corrêa. Ela atua no mercado nacional e internacional.
É vice-líder no mercado brasileiro onde atua com as marcas Cauê, Cimpor, Zebu e Goiás.
LafargeHolcim
A LafargeHolcim surgiu da fusão da empresa francesa Lafarge com a suíça Holcim. Com a fusão a empresa tornou-se o maior grupo cimenteiro do mundo.
No Brasil ela ocupa a 3ª posição na produção de cimento. Possui 10 fábricas, sendo a maioria localizada na região sudeste do país.
Hoje produz e comercializa três marcas de cimento no Brasil: Holcim, Lafarge Montes Claros e Mauá.
Cimento Itambé
O Cimento Itambé produz e comercializa a marca Itambé. Sua fábrica em Balsa Nova, no Paraná, abastece toda a região Sul do país.
Desde de 2016 ela é uma empresa independente. Antes grande parte do seu capital pertencia ao grupo da Votorantim Cimentos.
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